DOR NO JOELHO NÃO TRAUMÁTICA
Resolvi escrever aqui acerca desse sintoma, tão freqüente na nossa vida e
conseqüentemente na minha prática médica, por observar que há muita
controvérsia no que tange a história clínica, exame físico, propedêutica armada (exames
de imagem) e por fim, o diagnóstico. Publicarei uma série de pequenos textos,
somente com o propósito de demonstrar como é vasta a gama de diagnósticos e
também de tratamentos específicos, para as lesões do joelho, o que torna o diagnóstico principalmente, um desafio ao especialista. Começaremos pela
Síndrome da banda íliotibial
Síndrome da banda íliotibial
Trata-se de uma inflamação na parte mais distal do trato
íliotibial que acontece muito mais freqüentemente em corredores e ciclistas.
O trato íliotibial(TIT) é uma faixa ou banda fibrosa
aponeurótica, portanto bastante rígida, originada da extensão da fáscia do
glúteo máximo e do tensor da fáscia lata, músculos do quadril , que se estendem
pela coxa lateralmente, chegando ao joelho e misturando-se às fibras do
retináculo lateral do joelho e do ligamento colateral lateral, originando
também o ligamento patelo-femoral lateral na sua porção média, inserindo-se na
cápsula articular e finalmente no tubérculo de Gerdy (proeminência óssea da
tíbia). Logo, atravessando praticamente toda a extensão da coxa e joelho, misturando-se
aos ligamentos e até mesmo originando alguns, fica mais fácil de entender e
imaginar a importância desta estrutura para a função normal do joelho,
especialmente com grandes demandas durantes às práticas desportivas. Sabe-se
que o TIT é especialmente importante na estabilidade ântero-lateral do joelho.
A inflamação do TIT decorre do atrito contra o epicôndilo
femoral lateral, uma saliência óssea encontrada no fêmur, palpável lateralmente
no joelho e comum a todos nós. Esse atrito ocorre nos movimentos com flexão e
extensão do joelho, ocasionando microtraumas a TIT, por overuse(lesões ocasionadas por atividades físicas em demasia).
Os sintomas são inicialmente discretos, como a dor na face
lateral do joelho, agravando-se com a atividade física, podendo irradiar para a
perna ou para coxa. O sintoma geralmente piora com a continuidade dos
exercícios físicos e pode se manifestar até mesmo no repouso se não for
identificada e tratada adequadamente.
É de suma importância a avaliação pelo médico ortopedista,
com a investigação dos hábitos e um cuidadoso
e minucioso exame físico para detectar ou levar á suspeição do
diagnóstico, uma vez que lesões agudas ou crônicas do mensico lateral,
entesites do músculo poplíteo ou do bíceps femoral e a síndrome da fabela,
podem simular o mesmo quadro.
As radiografias podem ajudar a excluir outras patologias,
entretanto não apresentam alterações significativas nesta patologia. Exames
como a USG e a RNM, podem adicionar detalhes, que se relacionados aos achados
do exame físico, podem confirmar o diagnóstico nos casos duvidosos.
Ultrassonografia
Ressonância Magnética (RNM)
O tratamento consiste, essencialmente no repouso relativo,
evitando-se as atividades físicas
relacionadas com a gênese desta
patologia(corrida e ciclismo), associado ao tratamento fisioterápico com finalidade
analgésica. Após a cessação da dor, os alongamentos do TIT e fortalecimento
muscular(glúteos, rotadores externos, tensor da fáscia lata e isquiotibiais)
são suficientes para curar a grande maioria dos casos, ficando o tratamento
cirúrgico reservado aos casos refratários.
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