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Ortopedista
Especializado em Cirurgia do Quadril

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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Talalgia e fasciite plantar

Dr. Marcelo Yanagiura Gomes
Ortopedia e Traumatologia/ Cirurgia do Quadril 
CRM 135051 TEOT 13510 RQE 49626
Clínica de Pediatria, Psiquiatria e Ortopedia Gomes


Talalgias e fasciite plantar Dores no calcanhar



A talalgia é tão somente a presença de dor no calcâneo, aquele osso do calcanhar. São várias as patologias que causam dor no calcanhar( tendinite do tendão calcâneo, artrites da articulação subtalar, fasciite plantar, fratura por estresse do calcâneo, neuropatias compressivas e também tumores), no entanto a mais frequente é, sem dúvida, a fasciite plantar.

Quem já alguma vez, não padeceu de dores no calcanhar, ou pelo menos não conhece alguém que, não tenha sofrido com isso?! A fasciite plantar responde por 80% das talalgias e é uma das mais frequentes afecções do pé e tornozelo, no entanto muita confusão ainda se faz quanto a alguns aspectos, especialmente quanto à presença do famigerado "esporão".

Fasciite plantar é na verdade, diferente do que o nome sugere, um degeneração e não uma inflamação da fáscia plantar, uma aponeurose ( tecido semelhante a um tendão) que se origina no calcâneo. Essa aponeurose é responsável por manter o pé estável( o pé precisa estar rígido para a impulsão e a fáscia plantar faz isso )durante a marcha e ajudar a sustentar o arco longitudinal plantar( sabe aquela curvinha do pé?! Ela mesma).  A degeneração dessa aponeurose ocorre, principalmente em decorrência da sobrecarga mecânica por tração, ou seja, encurtamento do tendão e musculatura da panturrilha(presentes no pé cavo, por exemplo), nos pacientes obesos, nos corredores(até 10% desses atletas têm fasciite).

Quadro Clínico
A dor manifesta-se assim que o paciente acorda pela manhã e põe o pé acometido pela fasciite no chão. Uma dor em pontada, dita muitas vezes como a sensação de "um prego no calcanhar, é relatada pelos pacientes, que vai gradualmente diminuindo durante o decorrer do dia e que pode reaparecer quando o ele, após ficar sentado, levanta-se e experimenta a dor novamente de antes. Pode haver também dor miofascial, normalmente sentida na panturrilha, que pode ser provocada pelo médico ao palpar os gastrocnêmios(músculos da panturrilha) junto ao joelho, causando até irradiação para o calcanhar. Há um ponto extremamente doloroso, que pode ser palpado pelo médico, na origem da porção central da fáscia plantar.

Diagnóstico 
É essencialmente clínico e é por isso que o médico ortopedista deve avaliar sempre, todo caso com essa apresentação, uma vez que uma série de afecções podem simular dor semelhante. Os exames de imagem são pouco úteis: a radiografia pode evidenciar o "esporão" que é na realidade uma degeneração calcificada do flexor curto e não da fáscia plantar, presente somente em 50% dos casos e também em pacientes assintomáticos. A ultrassonografia depende muito do examinador e não agrega informações importantes, já a RNM pode mostrar a degeneração em detalhes, mas pode confundir o diagnóstico se além da lesão na fáscia houver neuropatia compressiva e está for a causa de dor.

 Tratamento
É, por vezes, desestimulante ao paciente saber que a remissão dos sintomas pode se dar em até um ano, a despeito do tratamento conservador. 
O uso de anti-inflamatório oral, apesar de fazer parte do arsenal para tratamento, não demonstrou eficácia em comparação ao placebo, num único trabalho científico realizado nesse sentido. 


As palmilhas ajudam a melhorar a função e diminuem o distúrbio mecânico (se essa for a causa), especialmente as semi-rígidas, confeccionadas especialmente para diminuir a valgização do retropé, posição do calcanhar durante a marcha que tensiona a fáscia plantar causando dor. As palmilhas só para o calcanhar, normalmente em silicone, ajudam apenas a redistribuir a carga no calcanhar.


Os exercícios para alongamento e fortalecimento do tríceps mostraram-se muito eficazes (94% de remissão da dor e 77% com retorno às atividades físicas), porém um longo período é esperado até os resultados serem consistentes, segundo os trabalhos até 2 anos.

Órteses noturnas, que mantêm os pés dorsifletidos, é também uma forma de tratamento adjuvante, uma vez que mantém a fáscia alongada e diminui a dor matinal.









A radioterapia, essa mesmo usada no tratamento de tumores malignos, tem efeito anti-inflamatório e parece contribuir para a regeneração do tecido afetado, alcançando uma eficácia de até 70%, segundo a maioria dos estudos, porém apesar de uma sessão ter irradiação equiparável à uma radiografia convencional, esse médico que aqui vos fala não adota essa conduta como rotina.


O tratamento cirúrgico consiste na liberação ou ressecação de parte da fáscia plantar, no entanto demonstrou-se que a retirada de mais de 40% dessa aponeurose provoca distúrbios mecânicos que culminam com artrose e mais dor. Além disso, a descompressão de alguns nervos( ramos dos nervos plantares, nervo plantar medial por exemplo), pode ser difícil execução se não estiver em mãos experientes, não sendo realizada de rotina, ou seja apenas quando há suspeita de talalgia de origem neural associada. É importante ressaltar que o tratamento cirúrgico tem sido relegado a um segundo plano, pois o tratamento conservador(sem cirurgia) alcança até 90% de sucesso somente está indicado quando não há melhora dos sintomas após 1 ano!

Mais recentemente, muito investimento tem sido feito no intuito de consolidar a terapia por ondas de choque, como um tratamento eficaz na fasciite refratária ao tratamento conservador. O tratamento consiste na emissão de ondas de choque criadas por aparelhos, promovendo micro-lesões e um processo inflamatório que visa regenerar o tecido da aponeurose. Tem proporcionado melhora da dor em até 75% dos pacientes, em acompanhamentos de até 3 meses. Parece promissor e eficaz, entretanto devido ao alto custo, tem sido indicado aos casos não solucionados com a terapia convencional.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Artroplastia do Quadril; o que você precisa saber.



           
                Definição:  é a cirurgia de substituição da articulação do quadril (prótese total do quadril) substituindo o quadril danificado por um sistema de materiais artificiais, as próteses. Estas têm diversas naturezas como as ligas metálicas de cromo-cobalto, titânio, tântalo, cerâmica e polietileno(um material plástico de alta densidade).
  A artroplastia total constitui a substituição do componente femoral e componente acetabular (encaixe da cabeça do fêmur com a bacia). As próteses podem ser colocadas com ou sem cimento ósseo (polimetilmetacrilato).






 
           













          Antes                                         Depois
                                                     
Benefícios:  A prótese de quadril é uma operação muito efetiva para aliviar a dor e melhorar a função do paciente. A qualidade de vida melhora muito porque o paciente consegue andar melhor e fazer a maior parte das atividades do dia-a-dia, sem grandes limitações e sem dor. Raros são os procedimentos cirúrgicos que apresentem uma relação risco/benefício tão adequados quanto a artroplastia total de quadril, sendo assim um procedimento seguro e eficaz no tratamento do desgaste do quadril.                       
Durabilidade da prótese: É evidente que se a articulação natural se desgasta, a prótese de quadril também está sujeita ao desgaste. Sabe-se atualmente que, na ausência de complicações maiores, o desgaste depende do uso e não do tempo de implantação da prótese. Pacientes mais jovens e mais ativos irão apresentar desgaste em um tempo mais curto em relação aos pacientes com atividades mais restritas. De um modo geral, para uma pessoa com idade a partir dos 65 anos e atividades físicas moderadas ou leves, observa-se que o tempo em serviço (durabilidade) dos implantes protéticos é maior que 80% em 25 anos3. Assim, a probabilidade de que uma prótese de quadril implantada hoje, com técnica adequada, materiais de boa qualidade e implantes de boa concepção, tenha uma probabilidade de mais de 80% de ainda estar funcionante daqui a 25 anos.

CUIDADOS APÓS A CIRURGIA:
Os principais objetivos da cirurgia são fazer com que o paciente retome a sua qualidade de vida o mais rápido possível, devolver-lhe ao nível de função anterior ao da lesão, protegendo as estruturas que foram cirurgicamente danificadas que agora necessitam ser cicatrizadas.
- Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios  são utilizados para o controle da dor.
- Pode-se utilizar um dreno, para permitir a vazão do sangue, que poderá ficar por cerca de 48 horas após a cirurgia, embora não seja rotina.
- A limpeza da ferida operatória deve ser feita no banho, utilizando-se sabonete líquido bactericida; com a espuma entre as mãos e esfregando gentilmente sobre os pontos.
- Os curativos devem ser feitos diariamente com gazes estéreis e micropore®, após limpeza da ferida operatória no banho.
- Iniciase, enquanto estiver acamado, a fisioterapia motora e respiratória e o uso de meias antitrombóticas e, às vezes, o uso de aparelhos de compressões dinâmicas, conforme estratificação de risco para trombose para o paciente.
- Os exercícios para os pulmões são indicados devido à retenção de secreção, a qual é reconhecido fator que aumenta a predisposição aos processos infecciosos do trato respiratório.
 Fisioterapia motora de membros inferiores auxilia o retorno venoso, ajudando a prevenir o edema, trombose e risco de embolia pulmonar.
- Usualmente iniciase a marcha com o auxílio de suporte (andador) no
terceiro dia do pós-operatório e este deve ser usado até a sexta semana após a cirurgia, sempre com orientação do seu médico e fisioterapeuta.
- O primeiro retorno ocorre após aproximadamente duas semanas, no qual retiram-se pontos alternadamente e os demais só são retirados no próximo retorno, com um mês da cirurgia.

Ao sentar-se, algumas recomendações devem ser seguidas:
   A cadeira deverá estar na posição semireta e o quadril não deverá dobrar mais que 70° . A perna do lado operado deverá ser esticada para frente, apoiar os braços na cadeira e então se sentar descarregando o peso na região sacral e lombar (posição do tronco inclinada para trás).  




 Quando estiver deitado:  você deverá colocar uma almofada na forma entre os joelhos e não deverá cruzar as pernas. Essa almofada ajudará a manter as pernas esticadas e abertas.
                                
  Nas primeiras semanas depois da cirurgia, você deverá evitar:

- Evitar movimentos amplos de flexão, adução e rotação do quadril. Esses movimentos podem provocar a luxação da prótese, uma urgência médica dolorosa e grave.  
- Evite de uma forma geral, sentar em cadeira baixa ou vaso sanitário sem elevação, rodar a perna para dentro e cruzar as pernas.   


        


Complicações da Artroplastia Total do Quadril

1 - Trombose Venosa Profunda (TVP).
A trombose ocorre quando se forma um coágulo (trombo) na veia, o que pode acontecer em certos pacientes que fazem cirurgias, principalmente ortopédicas de grande porte. Quaisquer procedimentos desta monta podem fazer com que a circulação fique diminuída nas veias dos membros inferiores, podendo formar um coágulo e causando a trombose.   
É importante que se saiba que uma parte expressiva dos pacientes que são submetidos a cirurgias ortopédicas de grande porte, como as artroplastias totais do quadril e do joelho, podem apresentar trombose nas pernas, mesmo que não sintam nada. Sendo assim, para essas cirurgias, a prevenção deve ser feita rotineiramente para evitar a trombose. Portanto, tenha sempre em mente: você pode estar com a trombose e não sentir, então, prevenir é o caminho.
Evitar o fumo , sedentarismo e seguir a orientação do médico quando for prescrito algum medicamento para prevenir a ocorrência de trombose.
Sintomas frequentes da trombose: A grande maioria dos trombos é pequena e não provocam muitos sintomas. Quando ocorrem em veias maiores e profundas, eles podem causar:
  Dor na panturrilha ou na coxa, atrás do joelho.
  Inchaço na perna.
  Sensação de calor e peso nas pernas.
Prevenção:
O mais importante em relação à trombose venosa profunda é a prevenção. Toda cirurgia de prótese de quadril necessita de recomendações – medicamentos e meios mecânicos  para prevenção de trombose.
- Medicamentos:  Normalmente, utilizase um anticoagulante para evitar que se forme um coágulo, ou melhor, para prevenirse da formação do coágulo. Existem medicamentos que podem ser usados por via oral, ou através da via injetável subcutânea( enoxaparina, dabigatrana, rivoroxabana, AAS, etc..) por 28 dias após a cirurgia nas artroplastias do quadril e 14 dias após as do joelho.

- Mecânicos: Meias de compressão nas pernas durante a internação( meias de média compressão 7/8 nas artroplastias do quadril e 3/4 nas de joelho) que só serão usadas enquanto houver uso do anticoagulante, indicação de exercícios para os membros inferiores, aparelhos de compressão dinâmica (nem sempre disponíveis) podem ser utilizados para prevenir o surgimento desta grave complicação.
                                              
2 - Luxação da prótese
A luxação pode ocorrer caso não se mantenha seu quadril na posição correta durante o processo de cicatrização. A cicatrização pode variar de 4 a 6 meses, e é nesse momento que você deve ter o máximo de cuidado. A flexão acima de 90° com rotação interna podem resultar em luxação, assim a primeira coisa que deve ser feita é saber o que é um lugar baixo
para você. Uma dica fácil para descobrir o que é baixo é saber que todo lugar que estiver abaixo do seu joelho é baixo para você. Normalmente, esses lugares são a cama, a poltrona da sala, o vaso sanitário, e por isso a necessidade de cadeira de banho ou de um adaptador de vaso
sanitário.

3 – Infecção
As consequências da infecção podem ser extremamente desagradáveis, causando dor e impossibilidade funcional e tendo um alto custo de tratamento.   Alguns dos fatores de risco para infecção são: diabetes, artrite reumatóide, psoríase, anemia falciforme, doenças e medicações que reduzem a imunidade, uso de corticóides, cirurgia prévia no mesmo quadril. 
Infecções podem ocorrer nas primeiras semanas após a cirurgia ou mais tadiamente. Alguns pacientes podem desenvolver infecção mesmo 2 anos após a cirurgia. Muitas vezes os sintomas nos estágios iniciais de infecção em artroplastias de quadril podem ser sutis e de difícil diagnóstico.

Acompanhamento e manutenção

Lembre-se que quando você é submetido a uma cirurgia de prótese de quadril você tem que ser examinado rotineiramente, mesmo que você se sinta bem e ache que não tem nada errado com a prótese, para que quaisquer problemas nos implantes ou no osso possam ser encontrados mais cedo e assim tratados também precocemente para evitar complicações maiores mais tarde.

        Alguns médicos acreditam ser necessário o acompanhamento anual, outros a cada 2 anos. De qualquer forma a cada um ou dois anos, você deve procurar o médico que o operou e submeter-se a uma avaliação cínica e radiográfica, para que possa ser avaliada a funcionalidade da prótese, o posicionamento dos implantes, quaisquer sinais de desgaste, soltura, destruição óssea ou infecção.